(Atividade nº1) Entrevista com Graduandos de Pedagogia sobre a Identidade do Pedagogo
Foram entrevistados três alunos do
curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da UFRPE/UFPE que cursam o 4º, 6º e o
8º período. As perguntas foram sobre a identidade do pedagogo no ponto de vista
de cada um deles e, ao final, foi feita uma reflexão do texto de José Carlos Libâneo
“Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas” articulada a entrevista.
* Os nomes foram alterados para resguardar as identidades dos entrevistados.
Mariana Barros – 4° período em Licenciatura Plena em Pedagogia pela UFRPE
1°) O que você entende por pedagogia?
Eu acredito que a pedagogia é um ramo da educação
que se dedica em estudar, pesquisar e formar os profissionais da educação
básica e dos anos iniciais do ensino fundamental. Além de ensinar a jovens e
adultos.
2°) O que faz o/a pedagogo/a no exercício de sua
profissão?
Eu acredito que o pedagogo vai além de ensinar as
letras e os números básicos que estão nos PCNs. Ser pedagogo é ser
primeiramente um profissional humanizado, por que está participando de um
momento crucial no desenvolvimento humano: a infância. Então eu acredito que
não existe apenas o ensinar, mas também o lado humano e afetivo atrelado a
função.
3º) Pra você, o que é um bom pedagogo?
Para responder essa pergunta eu preciso me voltar
para minha mãe que é pedagoga e vai muito além da questão da remuneração ou de
um status profissional. Ela faz por que gosta, por que ama ensinar. Então, eu
acredito que se o pedagogo vai ou não para a sala de aula, para uma
coordenação, pra uma empresa, não importa. Ele tem que sair de casa motivado e
consciente de que está agindo e transformando a vida das pessoas, ou seja, de
que o papel social dele é de mudança e que ele tem o poder de realização.
Leonardo Guedes - 6º período em Licenciatura
Plena em Pedagogia pela UFRPE
1°) O que você entende por pedagogia?
O pedagogo é um profissional em educação que atua
nos processos de ensino-aprendizagem. É ser responsável por formar e educar as
pessoas que irão habitar nosso planeta. Ser pedagogo é ter a missão de
transformar a sociedade do futuro.
2°) O que faz o/a pedagogo/a no exercício de sua
profissão?
O pedagogo é um especialista em educação que,
geralmente, atua com a educação infantil, primeiros anos do ensino fundamental
ou EJA. Mas pode atuar dentro ou fora da sala de aula, dentro ou fora da
escola, como por exemplo, em hospitais, presídios, empresas, espaços culturais,
etc.
3°) Pra você, o que é um bom pedagogo?
Um bom pedagogo é aquele que compreende sua função
social de agente transformador de vidas. Tem coragem pra enfrentar uma
sociedade com valores e princípios morais deturpados e ir de encontro a maré,
pois deve promover o questionamento e a criatividade, compreendendo as diversas
realidades e vivências dos indivíduos com quem atua. Um bom pedagogo forma
pessoas reflexivas e conscientes do seu papel social ensinando através de
múltiplas perspectivas, respeitando as diferenças na construção de um mundo
mais tolerante, empático e respeitoso.
Mauro Cavalcanti - 8º período em Licenciatura
Plena em Pedagogia pela UFPE
1º) O que você entende por pedagogia?
Pedagogia é um campo epistemológico voltado para a
educação, que visa formar profissionais educadores habilitados para atuar em
relações de ensino-aprendizagem.
2º) O que faz o/a pedagogo/a no exercício de
sua profissão?
O Pedagogo educa para a vida, e
busca formar bons cidadãos para a sociedade, para o mercado, etc. Atuando desde
a educação infantil até o ensino normal médio, também em ONGs, TJ, hospitais ou
empresas.
3º) Pra você, o que é um bom
pedagogo?
Um bom Pedagogo/a é aquele que tem
uma visão horizontal do processo. Que está sempre aprendendo e ensinando de
maneira dialética, sempre se consignificando, sendo empático com seus/suas
alunos/as, e buscando ser congruente consigo mesmo. Este pedagogo compreende
seu papel de agente transformador social e tem conhecimento de seu poder de
mudar vidas.
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Articulando a entrevista com o texto “Pedagogia e pedagogos: inquietações e
buscas” de José Carlos Libâneo, podemos compreender o conceito de pedagogia como a
ciência que tem como objeto de estudo a educação, o processo de ensino e a
aprendizagem. Sendo assim, o curso de pedagogia se designa a formar
profissionais habilitados para atuar em variados campos educativos subsequentes
às demandas sociais e além disso:
“[...] informar as mudanças profissionais, desenvolvimento
sustentável, preservação ambiental, nos serviços de lazer e animação cultural, nos
movimentos sociais, nos serviços para a terceira idade, nas empresas, nas várias
instâncias de educação de adultos, nos serviços de psicopedagogia, nos
programas sociais, na televisão e na produção de vídeos e filmes, nas editoras,
na educação especial, na requalificação profissional etc.” (Libâneo, 2001,
p.10)
Fica
evidente que há uma gama de práticas educativas em nossa sociedade e, desde que
se configurem de forma intencional, podemos enquadrá-las como campos de atuação
pedagógica.
Para além
disso, vem ocorrendo, de forma acentuada, uma expansão desses campos
educativos, com consequentes efeitos sob o campo pedagógico. Entretanto, a sociedade
insiste em identificar o profissional da educação unicamente como docente,
limitando e desqualificando o exercício pedagógico. Sobre este assunto, Libâneo
(2001, n. 17, p. 10) destaca “[...] todo trabalho docente é trabalho pedagógico,
mas nem todo trabalho pedagógico é trabalho docente”.
O pensamento arcaico de que o
pedagogo é apenas o professor da escola, construído por uma tradição histórica
de formação de professores, despreza as múltiplas atuações do pedagogo na
sociedade, além de restringir o campo educativo. O fato é que este campo é
extremamente vasto e, como destacado pelos colegas na entrevista, perpassa grande
parte dos processos de ensino e aprendizado, de modo que, não podemos reduzir a
educação, o ensino e o pedagogo ao chão da escola.
Para mais, ao refletir sobre os
desafios e buscas atuais para melhorias no campo da pedagogia, Libâneo
salienta:
“A
Pedagogia precisa reafirmar seu compromisso com a razão, com a busca da
emancipação, da autonomia, da liberdade intelectual e política. [...] uma
Pedagogia para a emancipação precisa continuar apostando na possibilidade de
desenvolvimento da uma razão crítica precisamente como condição para desvelar
as restrições à autonomia no contexto do mundo moderno.” (Libâneo, 2001, p. 16)
Além disso, é compreendido através
de seu texto que para que exista um bom pedagogo faz-se necessário um conjunto
de fatores internos e externos que influenciam diretamente no trabalho
pedagógico, como por exemplo, a formação do pedagogo no curso de pedagogia, seu
envolvimento com as questões sociais, políticas e culturais, seus valores
éticos e o próprio ambiente de trabalho.
Evidentemente, existe ainda um longo
caminho para que possamos alcançar uma realidade social adequada para o profissional
da educação e para a própria educação no Brasil. Realidade esta, idealizada
como um país onde a educação é de qualidade para todos, os salários são dignos, os profissionais são atualizados através de processos de formação continuada, as escolas e bibliotecas são bem estruturadas e o profissional é valorizado na sociedade. Em
suma, um país que apoie efetivamente a educação.
Essa é a luta dos pedagogos no Brasil e ao abraçar
a pedagogia, abraça-se também seus desafios. Antes de mais nada, e como citado tantas vezes pelos colegas na entrevista, o papel do
pedagogo é ser agente de transformação, logo, é necessário acreditar neste
poder revolucionário, pois o conhecimento é o principal instrumento de poder e
liberdade e o pedagogo tem o poder de disseminá-lo.
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