FICHAMENTO: O Corpo que Fala
“Para estar “em casa” com o nosso corpo é preciso que ele
seja um lugar gostoso de se morar – limpo, confortável, arejado, espaçoso. A
rotina de um dia a dia em que se trabalha demais e se diverte de menos (a
rotina da maioria de nós, pobres mortais) contribui para nos afastar de nosso próprio
corpo, para empobrecê-lo e reduzir-lhe os limites.” (p. 19)
“Cuidar do corpo é, pois, a manutenção de uma casa. É bom
abrir as janelas de vez em quando, deixar o ar circular, dar uma arejada. As
dobradiças da janela, quando rangem, indicam que estão tendo pouco uso. As
nossas dobradiças, também, rangem com pouco ou mau uso. São as articulações, responsáveis
diretas pelo bom funcionamento de nossa estrutura básica (as paredes e o teto),
o esqueleto. Sabe por quê? Por que as articulações possuem sensores, receptores
sensíveis que “informam” ao cérebro como estão agindo e o que é preciso fazer
para mover ossos, músculos, tecidos. Ou seja, elas são diretamente responsáveis
pela nossa mobilidade.” (p. 20)
“Muito mais do que o material didático, a linha pedagógica,
os recursos e fontes, o principal instrumento de trabalho do professor é sua
disposição de ensinar, traduzida no uso de seu corpo (do qual a voz faz parte).”
(p. 23)
“Estar presente em seu próprio corpo é o primeiro passo para
um professor que se deseja mais livre, mais criativo, mais consciente de si,
dos outros do lugar que ele ocupa. Saber dosar seu esforço com economia e
sabedoria, para evitar o desgaste desnecessário com o uso indevido de seus
apoios (pés, quadril, cosas) e dobradiças (articulações).” (p. 23)
“Se a percepção do próprio corpo é o primeiro passo, a
consequência natural é a percepção do corpo dos alunos. Uma turma não é “uma”
turma, são 30 a 40 indivíduos, por menores e pirracentos que sejam.” (p. 24)
“[...] o corpo fala, o corpo cria, o corpo pensa. Estivemos
dizendo todo o tempo aqui que o corpo traz uma história, uma espécie de memória
que está impregnada nos músculos, nos tendões, nos órgãos, no padrão da
respiração. [...] Assim, o corpo fala.
Ele fala, ou seja, ele traduz, toda essa história de vida, e fala ainda dos
desejos e limites atuais.” (p. 25)
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